Entre os dias 8 e 9 de março, a diretora-executiva da Plataforma CIPÓ, Maiara Folly, esteve em Bruxelas com uma delegação de organizações da sociedade civil brasileira para uma série de eventos e reuniões com atores europeus.
O objetivo foi cobrar de autoridades que o acordo de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul seja revisto, para incorporar garantias socioambientais mais robustas, assegurando assim que o comércio entre os países não acarrete no aumento do desmatamento e de violações contra povos indígenas e comunidades tradicionais sul-americanas.
Durante os encontros, facilitados pelo think tank europeu Fern, também foram discutidas maneiras de incentivar a cooperação entre a União Europeia e países produtores de commodities, para facilitar a implementação na legislação do bloco, que entrará em vigor em 2024 e que visa a proibir a importação de produtos associados ao desmatamento e outros crimes ambientais.
Na ocasião, representantes do governo brasileiro e da Colômbia expressaram insatisfação com o fato de a normativa europeia ter sido negociada unilateralmente e sem consulta adequada a países produtores.
A Plataforma CIPÓ enxerga como fundamental o fomento ao diálogo e a cooperação entre países produtores e importadores. Do contrário, a legislação europeia corre o risco de não ter o resultado prático esperado: a adoção de práticas sustentáveis por empresas, para redução do desmatamento e demais danos socioambientais em cadeias produtivas.
Diante desse risco, ao longo desse ano a CIPÓ fomentará uma série de estudos, eventos e workshops com o objetivo de identificar os principais desafios e oportunidades para a implementação efetiva de normativas de devida diligência.
A organização também atuará para fomentar o diálogo entre órgãos de aplicação da lei, parlamentares, organizações da sociedade civil e outros atores relevantes de países produtores, como o Brasil e demais nações amazônidas, e países importadores, sobretudo da União Europeia, os Estados Unidos e o Reino Unido.
