A possível decisão do governo Donald Trump de fechar a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) reflete muito mais uma agenda ideológica do que uma preocupação com a redução de gastos, avalia Maiara Folly, diretora-executiva da Plataforma CIPÓ. Em entrevista ao vivo à Globonews, Folly questionou o argumento econômico utilizado para justificar o fechamento da agência, responsável por 40% de toda a ajuda humanitária global.
“Esse argumento sobre custos não se sustenta, porque, se a gente for considerar, por exemplo, os gastos militares norte-americanos, continuam muito altos. Então, do ponto de vista do orçamento americano, a gente está falando de uma parcela muito pequena. O que motivou essa decisão tem muito mais relação com a questão ideológica. A administração Trump mostra-se muito contrária a todos os temas relacionados a direito das mulheres, direitos de migrantes”, afirmou.
Na madrugada do dia 3 de fevereiro, Elon Musk, que lidera o Departamento de Redução de Gastos do Estado (DOGE, na sigla em inglês), declarou que a USAID deveria ser encerrada e afirmou que o presidente estadunidense concordou com a medida. Horas depois, os funcionários da agência receberam um aviso para não comparecerem à sede da organização, em Washington, que permaneceu fechada.
A USAID é um dos principais braços da política externa dos Estados Unidos e desempenha um papel central no financiamento de programas humanitários e de desenvolvimento em diversas regiões do mundo. O fechamento da agência pode ter impactos significativos na cooperação internacional, especialmente em países do Sul Global que dependem desse suporte para enfrentar crises humanitárias, mudanças climáticas e desafios estruturais.