No artigo “Democratização da política externa brasileira, participação social e clima: o que isso tem a ver?”, publicado pela revista Diálogos Soberania e Clima, a coordenadora de projetos da Plataforma CIPÓ Marília Closs analisa os desafios e caminhos para ampliar a participação da sociedade civil na formulação da política externa do Brasil, com ênfase na agenda climática.
O texto parte do entendimento de que a política externa é, também, uma política pública — e, como tal, deve estar sujeita a mecanismos de participação social. Closs traça um panorama da evolução da política externa brasileira, ressaltando seu caráter distributivo e a crescente diversificação de atores nos últimos anos, com maior envolvimento de ministérios, parlamentares, governos subnacionais e organizações da sociedade civil.
A autora aponta que, embora o Brasil seja referência internacional em participação social, ainda há lacunas importantes na integração da sociedade civil nos debates sobre política externa climática. Hoje, essa participação tende a ser pontual e restrita a eventos de grande visibilidade, como cúpulas internacionais, muitas vezes sem continuidade institucional nem apoio técnico e financeiro adequados.
Entre as recomendações apresentadas no artigo, destacam-se a criação do Conselho Nacional de Política Externa (CONPEB) antes da realização da COP30, que ocorrerá em Belém em novembro de 2025, e a implementação de mecanismos permanentes de formação, transparência e accountability que qualifiquem a atuação da sociedade civil nos fóruns internacionais. A pesquisadora também propõe maior articulação com instâncias multilaterais, como a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA).
Doutora em Ciência Política pelo IESP-UERJ e especialista em relações internacionais e política externa brasileira, Marília Closs reforça que democratizar a política externa é essencial para que o país atue de forma mais legítima, eficaz e alinhada aos interesses da população diante da emergência climática.