Durante a 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas (AGNU), o debate sobre o futuro da liderança da ONU ganhou novo fôlego com o anúncio da candidatura de Michelle Bachelet ao cargo de próxima Secretária-Geral. A nomeação foi feita em 23 de setembro pelo presidente do Chile, Gabriel Boric.
Poucos dias depois, em 10 de outubro, o presidente da Costa Rica, Rodrigo Chaves, anunciou a candidatura de Rebeca Grynspan, atual Secretária-Geral da UNCTAD e ex-vice-presidenta do país. Segundo Chaves, “a trajetória e o comprometimento de Rebeca Grynspan em temas de desenvolvimento e cooperação internacional contribuirão significativamente para o fortalecimento do multilateralismo”.
Essas nomeações antecipadas refletem o crescente movimento internacional — impulsionado por campanhas como 1 for 8 Billion — em defesa de um processo de seleção mais transparente, inclusivo e paritário. A iniciativa também reforça a urgência de romper com 80 anos de liderança exclusivamente masculina à frente da ONU e de promover uma mulher à posição de Secretária-Geral, com legitimidade e capacidade para revitalizar o sistema multilateral.
Durante a Semana de Alto Nível da AGNU, a campanha 1 for 8 Billion, em parceria com governos e organizações internacionais, promoveu o evento “Uma nova visão para a liderança global: selecionando o próximo Secretário-Geral da ONU”. O encontro reuniu chefes de Estado, chanceleres e representantes da sociedade civil para discutir os princípios que devem orientar a sucessão de António Guterres.
Entre os principais destaques do debate estiveram o chamado por um processo justo e transparente, o fortalecimento do papel da Assembleia Geral e a necessidade de garantir igualdade de gênero na seleção. Líderes de países como Estônia, Costa Rica, Dinamarca, Finlândia, Romênia e Brasil enfatizaram que a escolha do próximo Secretário-Geral será determinante para restaurar a confiança na ONU como guardiã da paz, da justiça e da cooperação global.
Com a aproximação do próximo processo eleitoral, previsto para começar oficialmente em 2026, as indicações de Bachelet e Grynspan já sinalizam uma nova dinâmica no debate multilateral e abrem espaço para uma discussão essencial sobre representatividade, legitimidade e renovação institucional nas Nações Unidas.