Neste artigo para o PeaceLab do GPPi, as diretoras da CIPÓ Maiara Folly e Adriana Abdenur abordam os riscos desproporcionais que as mudanças climáticas representam para mulheres que habitam a bacia amazônica, o papel fundamental que elas desempenham formulação de respostas a esse desafio, além da necessidade de cooperação internacional para apoiar esforços de mitigação e adaptação climática que incorporem uma perspectiva de gênero.
Os impactos das mudanças climáticas na bacia amazônica interagem e são exacerbados por um padrão histórico de baixa presença do Estado e uma visão nacional de progresso que opõe a floresta ao desenvolvimento. Os efeitos dessa combinação, longe de serem distribuídos uniformemente pela população, tem relações profundas com questões de gênero – e também com outros aspectos sociais, tais como raça e etnia, classe e região geográfica. Mulheres e meninas na Amazônia – especialmente de origem indígena e quilombola – são desproporcionalmente afetadas pela combinação mortal entre desigualdades históricas, intensificação das mudanças climáticas, crimes ambientais desenfreados e disputas exacerbadas por recursos naturais.