Em entrevista ao site do G20, a diretora-executiva da Plataforma CIPÓ e co-líder da Força-tarefa do T20 Brasil para a Ação Climática e Transições Energéticas Inclusivas e Justas, Maiara Folly, destacou a urgência de se adotar medidas mais firmes e ambiciosas para enfrentar a crise do clima. Segundo ela, as soluções não dependem exclusivamente deste grupo de países, mas, dado seu peso político e econômico, é fundamental que eles atuem na liderança para limitar o aquecimento global a 1,5°C.
“É essencial que os países do G20 adotem medidas concretas para implementar os compromissos previamente assumidos, inclusive nas COPs e no próprio G20”, afirmou Folly, lembrando que o bloco, formado pelas maiores economias do mundo, é responsável por cerca de 80% das emissões de gases de efeito estufa.
Ela também abordou a questão do financiamento climático, ressaltando que o cumprimento das metas de mitigação e adaptação à crise depende de recursos substanciais. “Essas necessidades de financiamento aumentam em um contexto no qual os países ricos falharam em entregar os já muito insuficientes 100 bilhões de dólares anuais prometidos para promover a ação climática no Sul Global. O acúmulo de promessas não cumpridas vem gerando um ambiente de tensão e desconfiança entre os países e um descrédito no regime climático internacional de modo geral”, apontou.
Para a COP29, a diretora-executiva da CIPÓ espera que um acordo sobre uma nova meta de financiamento climático seja robusto e atenda às necessidades dos países em desenvolvimento, equilibrando esforços para adaptação, mitigação e para a compensação dos danos causados pela crise climática.
“É essencial que o G20 e a comunidade internacional assumam uma liderança mais firme, estabelecendo regulamentações mais rigorosas para alinhar os fluxos financeiros internacionais aos objetivos do Acordo de Paris e do Marco Global da Diversidade Biológica de Kunming-Montreal”, disse.
Essas medidas também precisam, completou, levar em consideração o objetivo global de deter e reverter a perda de biodiversidade até 2030. “Fortalecer a cooperação internacional para que o setor financeiro apoie metas climáticas e de proteção da biodiversidade é urgente, e o G20 deve liderar esse processo”.