A nova edição especial da revista Third World Quarterly, intitulada “The ‘Global South’ in the study of world politics” (O ‘Sul Global’ no estudo da política mundial, em português), conta com um artigo da Diretora Executiva da CIPÓ, Adriana Abdenur. A edição especial aborda “se” e “como” a categoria “Sul Global” pode ser utilizada para uso analítico em pesquisas sobre política internacional.
Leia o resumo do artigo:
“Na Organização das Nações Unidas (ONU), referências frequentes são feitas à divisão ‘Norte-Sul’, que pressupõe um certo grau de coerência entre dois grandes grupos de estados: países em desenvolvimento – muitas vezes referidos coletivamente como o ‘Sul Global’ – e economias avançadas, o chamado ‘Norte’. No entanto, se as motivações e preferências entre as elites políticas nos processos de definição da agenda da ONU acabam sendo homogêneas ou coordenadas ao longo das linhas dessa divisão binária é uma questão empírica. Este artigo foca na agenda de clima e segurança para analisar os interesses e posições dos chamados atores do “Sul Global”. Com base em documentos oficiais de órgãos da ONU e Estados membros, bem como entrevistas com diplomatas, argumenta-se que, apesar de uma frente unida expressa pelo Grupo dos 77 quando o tema clima e segurança surgiu pela primeira vez na ONU, nos últimos 15 anos, uma série de interesses – relacionados parcialmente a diferentes visões sobre as mudanças climáticas – tornou a terminologia “Norte-Sul” bastante improdutiva para a análise de posicionamentos multilaterais sobre clima e segurança. Ao mesmo tempo, no entanto, as referências ao ‘Norte Global’ e ao ‘Sul Global’ incorporam esta heterogeneidade e ajudam a ilustrar as características estruturais que condicionam o envolvimento de atores estatais e não estatais com os processos de definição da agenda da ONU.”
