A CIPÓ integrou a organização do evento “Caminhos para a integração multinível e multissetorial no avanço da política climática do Brasil”, realizado pela Abema, em Brasília, com a presença de atores-chave para o tema, incluindo ministros, diplomatas e secretários de Estado; veja como foi
“A cooperação – em seus diferentes níveis – é fundamental para desatar nós políticos e permitir que os países cheguem a um acordo que promova a ação climática”. A avaliação é da diretora-executiva da Plataforma CIPÓ, Maiara Folly, que mediou uma das mesas do encontro “Caminhos para a integração multinível e multissetorial no avanço da política climática do Brasil”. O encontro reuniu, na última terça-feira (15), em Brasília, atores-chave para o tema, como ministros, diplomatas e secretários de Estado.
O workshop foi promovido pela Associação Brasileira de Entidades Estaduais de Meio Ambiente (Abema), em parceria com a CIPÓ, o Instituto Clima e Sociedade (iCS), o CDP Latin America, o Instituto Ethos, o Iclei, o Centro Brasil no Clima (CBC) e a Under 2 Coalition e Cooperação Brasil-Alemanha, por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH.
“Esses arranjos devem refletir os interesses nacionais, mas também operacionalizar a solidariedade necessária a uma resposta justa e compartilhada para uma crise que é de dimensão planetária”, completou Folly. De acordo com o embaixador da União Europeia no Brasil, Ignacio Ybanez, a transição para a neutralidade climática exige visão comum e esforços coletivos. “A integração multinível é indispensável”, destacou.
Na palestra de abertura, Moacyr Araújo, coordenador da Rede Clima e vice-reitor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), lembrou que, atualmente, o Brasil está entre o 5º e o 6º maior emissor de gases de efeito estufa do mundo. Para ele, o país vive um novo momento em relação ao combate às mudanças climáticas e tem a oportunidade de reverter o cenário ou focar sua matriz energética em alternativas sustentáveis, como energia solar e eólica.
Estiveram na mesa, ainda, Marco Tulio Cabral, chefe de gabinete da Secretaria de Clima, Meio Ambiente e Energia do Ministério das Relações Exteriores (MRE), e Friederike Sabiel, conselheira para assuntos ambientais na Embaixada da Alemanha.
Cabral reforçou a importância de a União, os estados e os municípios trabalharem juntos para alcançar o “desafio gigantesco” de acabar com o desmatamento até 2030. Já Sabiel falou sobre a necessidade de incorporar a agenda climática aos instrumentos da agenda econômica. Segundo ela, três questões são fundamentais: integração, urgência e colaboração.
O evento contou com as presenças de representantes dos Executivos federal e estaduais. A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, reforçou o compromisso do governo Lula de promover a transversalidade da ação climática. “Quando tratamos de mudanças climáticas, o maior impacto é sentido nas populações mais vulneráveis”. Na ocasião, ela anunciou a criação de uma Subsecretaria para a Amazônia na pasta.
O secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, disse que o país teve um “vácuo completo de atuação” nos últimos quatro anos. “Mas felizmente os estados agiram e estão buscando soluções”. Segundo ele, que representou a ministra Marina Silva, em licença para tratamento de saúde, cabe agora ao governo federal retomar essa capacidade de ação.
“Nós queremos, ao contrário de outros países do mundo, intensificar a nossa produção, mas intensificar sob o aspecto da sustentabilidade e com respeito ao meio ambiente”, garantiu o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro.
Para o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, os estados, assim como os municípios, têm um papel fundamental no avanço da política climática. “Temos de cumprir a nossa etapa, fiscalizar o desmatamento no nosso estado e ter uma política de energia renovável”.
Caio Magri, diretor-presidente do Instituto Ethos, destacou a importância de o governo federal assumir a transversalidade da política climática, com 19 pastas atuando de maneira interdisciplinar. E lembrou dos principais pontos da carta assinada por um conjunto de empresários brasileiros e divulgada na 27ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP27), no Egito, em novembro do ano passado.
“A palavra-chave foi otimismo”, resumiu a presidente da Abema, Mauren Lazzaretti, ao encerrar o encontro. “Isso é um bom sinal, porque pessimismo não traz evolução. Mas a integração, a urgência e a colaboração são essenciais para que esse otimismo continue”.
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