A Plataforma CIPÓ teve participação de destaque no Cape Town Conversation 2025, encontro internacional organizado pela ORF (Observer Research Foundation) em parceria com a Thabo Mbeki Foundation, que reuniu especialistas, autoridades e lideranças globais para discutir reformas na ordem internacional e o papel crescente do Sul Global nas estruturas de governança mundial.
Representando a organização, Mariana Rondon, diretora de Programas da CIPÓ, moderou no dia 24 de novembro o painel sobre transição energética verde nos países do IBSA (Índia, Brasil e África do Sul) mais a Indonésia, além de integrar o painel de abertura dedicado à atuação dos BRICS na conformação de uma nova ordem global.
Paralelamente à conferência, ocorreu o workshop “Shaping Pathways: Unlocking Solutions to Strengthen IBSA+Indonesia Leadership in the Clean Energy Transition”, organizado pela ORF America como parte da IBSA+Indonesia Green Transitions Initiative. A iniciativa, lançada em 2025, busca aprofundar a cooperação entre as quatro economias emergentes em temas como financiamento climático, inovação tecnológica, competitividade industrial e resiliência das cadeias de valor. O encontro reuniu 25 representantes de governos, especialistas em energia, diplomatas e integrantes da sociedade civil, com o objetivo de transformar diagnósticos já estabelecidos em ações concretas.
As discussões avançaram na definição de um conjunto de prioridades comuns para ampliar a influência do grupo na agenda da transição energética global. Entre elas, destacou-se a necessidade de operacionalizar mecanismos existentes de financiamento, utilizando plataformas de blended finance e pipelines de bancos multilaterais para acelerar projetos conjuntos. Também houve consenso sobre a importância de harmonizar padrões tecnológicos e regulatórios, criar taxonomias interoperáveis e simplificar processos de certificação, medidas consideradas essenciais para reduzir custos e atrair investimentos para energias renováveis e indústrias de baixo carbono.
Outro ponto recorrente foi a inclusão de micro, pequenas e médias empresas nas cadeias produtivas da transição, por meio de sistemas de compras compartilhados, bancos de fornecedores unificados e procedimentos de conformidade mais acessíveis. Os participantes defenderam ainda o fortalecimento de redes de conhecimento e cooperação técnica, sugerindo a criação de intercâmbios profissionais, centros conjuntos de pesquisa, facilitação de vistos e programas de capacitação em tecnologias emergentes.
No painel sobre BRICS, Rondon destacou que o grupo vive uma fase de reposicionamento global, com ambições de reformar instituições multilaterais e ampliar a representação do Sul Global em espaços decisórios. Nesse contexto, iniciativas como a cooperação IBSA+Indonésia e a interlocução com presidências do G20 — especialmente na transição para a presidência dos Estados Unidos em 2026 — foram apontadas como oportunidades estratégicas para consolidar agendas comuns e ampliar a capacidade de atuação conjunta em temas de clima, desenvolvimento e governança global.




