Em entrevista ao site PassBlue, a diretora-executiva da Plataforma CIPÓ, Maiara Folly, analisou a resistência de alguns países à ideia de uma Secretária-Geral na ONU. Ela ressaltou que, apesar da oposição dos Estados Unidos, quase metade dos Estados-membros já se manifestou a favor da inclusão da igualdade de gênero como critério na escolha do próximo líder da organização.
A reportagem destaca o impacto da postura dos EUA na Comissão sobre o Status da Mulher (CSW), realizada na ONU em março. O governo norte-americano tem adotado uma posição contrária a políticas de diversidade, equidade e inclusão (DEI), o que, segundo Folly, representa um desafio significativo para a escolha de uma mulher como Secretária-Geral.
“No atual clima de crescente hostilidade em relação à agenda de diversidade, inclusão e igualdade, garantir a escolha de uma mulher como a próxima Secretária-Geral da ONU será um grande desafio.”
Ela também enfatizou que, embora os EUA estejam vocalmente contrários, cresce o número de Estados-membros que defendem uma lista exclusivamente feminina para a sucessão de António Guterres.
“Embora os Estados Unidos tenham se manifestado abertamente contra, um número crescente de Estados-membros está publicamente defendendo uma lista exclusivamente feminina para o cargo. Ampliar essa coalizão e incentivar mais países a adotarem uma posição pública em favor de uma Secretária-Geral é essencial.”
A Comissão sobre o Status da Mulher deste ano também marcou os 30 anos da Declaração e Plataforma de Ação de Pequim, documento-chave na luta pela igualdade de gênero. No entanto, ativistas apontaram retrocessos em áreas como direitos reprodutivos e justiça econômica, agravados pela resistência de alguns governos em reconhecer o termo “gênero” nas negociações.