CIPÓ no ICL: Brasil aposta em ‘mutirão’ para driblar desafios financeiros

A menos de seis meses da COP30, marcada para acontecer em Belém, no Pará, o Brasil busca consolidar sua presidência com uma abordagem centrada na mobilização social e na inovação institucional. Em entrevista ao ICL Notícias, Mariana Rondon, diretora de programas da Plataforma CIPÓ, destacou os esforços do país para fazer da conferência a tão esperada “COP da Implementação”, mesmo diante de um cenário internacional adverso.

A reportagem, publicada nesta terça-feira (28/05), trata dos principais debates realizados durante o II Fórum de Finanças Climáticas e de Natureza, realizado no Rio de Janeiro. Além de abordar os desafios financeiros que historicamente travam a implementação das metas climáticas, o texto evidencia as estratégias adotadas pelo Brasil para ampliar o engajamento multissetorial em torno da agenda climática.

Para Mariana Rondon, a presidência brasileira tem adotado uma postura inovadora, ao convocar um verdadeiro “mutirão” em prol da implementação das decisões climáticas. “A partir de uma conjuntura global desafiadora, marcada pela emergência climática, crescentes desigualdades, conflitos internacionais e retrocessos no compromisso climático de atores centrais como os Estados Unidos, a presidência brasileira tem demonstrado sensibilidade política e buscado ampliar a participação e, consequentemente, a legitimidade do processo como um todo”, afirmou.

A diretora da CIPÓ também destacou a criação dos Círculos de Liderança como um dos principais mecanismos dessa estratégia. Os círculos buscam articular governos, sociedade civil, setor privado e instituições financeiras em torno da agenda da implementação, conectando as decisões formais da COP30 a ações concretas nos territórios.

Outro diferencial apontado por Rondon é a nomeação de enviados e facilitadores temáticos, o que, segundo ela, “reforça a capacidade da presidência brasileira de dialogar com múltiplos segmentos, especialmente em um cenário em que o negacionismo climático nos EUA fragiliza o multilateralismo e compromete avanços já alcançados”.

Ao lado de especialistas como André Corrêa do Lago, presidente da COP30, e André Aquino, assessor especial de economia do Ministério do Meio Ambiente, Rondon ressaltou que o Brasil tem buscado transformar limitações históricas em oportunidade de cooperação e inovação. “A CIPÓ reconhece que transformar a COP30 na ‘COP da Implementação’ exige diplomacia hábil, bem como capacidade de mobilização social em prol da agenda global climática”, reforçou.

Com iniciativas como o novo Fundo Florestas Tropicais Para Sempre e a elaboração do Roteiro Baku-Belém, o governo federal pretende atrair novos fluxos de financiamento climático e criar incentivos reais para a preservação ambiental. A meta brasileira de restaurar dois milhões de hectares até 2030 depende diretamente da capacidade de mobilizar capital privado e internacional — e é exatamente aí que a articulação proposta pela presidência brasileira pode fazer a diferença.

Plataforma CIPÓ
Plataforma CIPÓhttp://plataformacipo.org/
A Plataforma CIPÓ é um instituto de pesquisa independente liderado por mulheres e dedicado a questões de clima, governança e paz na América Latina e no Caribe e no resto do Sul Global.

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