A pouco mais de cinco meses da COP30, em Belém, a diretora-executiva da Plataforma CIPÓ, Maiara Folly, expressou preocupação com o panorama internacional e suas implicações para o sucesso da conferência climática. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Folly destacou que muitos países ainda não submeteram suas novas metas de redução de emissões — conhecidas como NDCs — o que contraria a expectativa inicial de que as contribuições nacionais estariam alinhadas ao limite de 1,5 °C de aquecimento global.
“Houve uma aposta muito grande, inclusive do Brasil e das últimas presidências das COPs, de que nós chegaríamos a Belém com pelo menos as metas climáticas dos países alinhadas com o objetivo de limitar o aquecimento a 1,5 °C. E hoje, infelizmente, estamos longe disso”, afirmou. Para ela, o atraso generalizado na atualização das metas climáticas é um dos sinais mais preocupantes do atual estágio das negociações.
A diretora da CIPÓ também comentou sobre o papel do Brasil na presidência da COP30. Segundo Folly, embora exista uma “expectativa gigantesca” em torno da liderança brasileira, isso pode se tornar um risco, especialmente porque muitos dos temas mais relevantes da agenda climática global já foram previamente negociados em conferências anteriores, como a questão do financiamento climático, tratada na COP29.
“Há muito pouco em que se pode efetivamente avançar, porque muitas coisas já foram definidas em outras COPs”, avaliou. Ainda assim, ela reconhece que o Brasil possui credenciais sólidas para conduzir o processo diplomático com responsabilidade e ambição.