CIPÓ alerta sobre colapso financeiro da ONU e defende priorização política de recursos globais

Em entrevista ao canal CGTN Europe, Maiara Folly, diretora-executiva e cofundadora da Plataforma CIPÓ, afirmou que a Organização das Nações Unidas (ONU) vive uma das piores crises orçamentárias de sua história. Ela destacou que o problema ameaça não apenas empregos dentro da instituição, mas também operações humanitárias e de manutenção da paz em mais de 150 países.

A entrevista foi concedida após o Secretário-Geral da ONU, António Guterres, anunciar um orçamento reduzido de US$ 3,72 bilhões para 2026, representando um corte de 15% em relação ao plano inicial e a possível demissão de 2.500 funcionários, cerca de 20% da força de trabalho global.

Segundo Folly, “as consequências são catastróficas, não apenas em termos de perdas de emprego, mas também para as pessoas em campo, nas missões e operações humanitárias”. A diretora lembrou que a ONU atua diretamente em áreas de conflito, crises de saúde e emergências humanitárias, e que os mais afetados serão justamente os que dependem dessas ações.

Ao apontar as causas da crise, Folly afirmou: “Os Estados Unidos são, sem dúvida, a principal fonte de preocupação, já que tradicionalmente são o maior contribuinte do orçamento regular da ONU”. Ela mencionou que a hostilidade da administração Trump e a redução geral da ajuda externa por grandes economias — incluindo países europeus — contribuíram para a situação.

O problema, explicou, ultrapassa a questão financeira, refletindo também um enfraquecimento do compromisso político global com o multilateralismo. “A ONU opera dentro de um ecossistema maior, junto com ONGs e agências humanitárias. O declínio na ajuda externa tem efeitos diretos e indiretos sobre toda essa estrutura”, observou.

Questionada sobre o impacto nos esforços de manutenção da paz, Folly foi enfática: “Estamos falando de cortes de 15%. Por mais que o Secretário-Geral tente otimizar recursos, a ONU não sairá ilesa. As missões de paz certamente serão afetadas, especialmente em regiões de conflito”.

Para a diretora-executiva da Plataforma CIPÓ, a saída da crise é essencialmente política. “No ano passado vimos um recorde de gastos militares, de US$ 2,7 trilhões. Para cada dólar destinado à ONU, os países gastam US$ 750 em armas. Portanto, não é falta de recursos, mas de prioridade política sobre onde aplicar o dinheiro”.

Foto: UN Photo/Manuel Elias

Plataforma CIPÓ
Plataforma CIPÓhttp://plataformacipo.org/
A Plataforma CIPÓ é um instituto de pesquisa independente liderado por mulheres e dedicado a questões de clima, governança e paz na América Latina e no Caribe e no resto do Sul Global.

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