A Observer Research Foundation America (ORF America), em parceria com a Plataforma CIPÓ, realizou nesta quinta-feira (4/12), em Washington D.C., o evento híbrido “The Post-COP30 Agenda: Reflections from Belém and the Road to 2026”, dedicado a analisar os desdobramentos da COP30 e seus impactos para a governança climática global. O encontro reuniu especialistas, representantes governamentais e membros da sociedade civil para discutir temas centrais da agenda climática, como financiamento, transição justa, proteção das florestas tropicais e a continuidade das negociações no âmbito do G20, do BRICS e das futuras COPs.
A sessão de abertura contou com a participação de Dhruva Jaishankar, diretor-executivo da ORF America, seguida do discurso principal do conselheiro Fernando Perdigão, da Embaixada do Brasil em Washington D.C.
Representando a Plataforma CIPÓ, a diretora-executiva e cofundadora Maiara Folly destacou a relevância política do pacote de Belém e os principais avanços obtidos durante a COP30. Para ela, os resultados alcançados representam “uma vitória para o multilateralismo”, sobretudo em um cenário geopolítico marcado por tensões e por um processo de negociação internacional que ainda carece de reformas estruturais para garantir maior capacidade de implementação.
Folly ressaltou que, apesar do receio de que a saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris pudesse desencadear um efeito dominó de desistências, isso não se confirmou. “Os países permaneceram engajados de boa fé. As negociações foram complexas, mas ainda assim chegamos a 29 decisões substantivas, um avanço que deve ser celebrado”, afirmou.
Entre os temas prioritários para o Brasil e para a CIPÓ, Folly enfatizou a transição justa, mencionando que o assunto vinha enfrentando impasses nos últimos anos. O programa de trabalho aprovado na COP30 resultou na criação de um mecanismo institucional voltado a apoiar países no desenvolvimento de trajetórias de transição que conciliem sustentabilidade, equidade e inclusão social.
A diretora-executiva também destacou avanços importantes na incorporação da agenda de direitos humanos nas decisões climáticas. Pela primeira vez, um texto oficial da COP reconheceu o papel de pessoas afrodescendentes na ação climática, uma reivindicação histórica da diplomacia brasileira e uma conquista significativa para a justiça climática.
O evento em Washington reforçou a importância do diálogo internacional e da construção coletiva de soluções para enfrentar a crise climática, apontando caminhos para o período pós-COP30 e para a consolidação de uma governança climática internacional mais justa, eficaz e inclusiva.
