Na COP30, líderes brasileiras e internacionais destacam papel central das mulheres na governança climática

Evento “Mulheres, Clima e Poder”, organizado pela Plataforma CIPÓ e parceiros, reúne autoridades do Brasil e do mundo para discutir igualdade de gênero e justiça climática

A força das mulheres na construção de soluções para a crise climática marcou a manhã desta quinta-feira (13) na COP30, em Belém. Organizado pela Plataforma CIPÓ, pelo Club de Madrid, pela Secretaria da Mulher da Câmara dos Deputados, pela Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher e pelo Consórcio da Amazônia Legal, o evento “Mulheres, Clima e Poder” reuniu lideranças nacionais e internacionais comprometidas com a defesa dos direitos das mulheres e com a promoção de políticas climáticas justas e inclusivas.

A mesa foi composta por figuras centrais do cenário político e social, como Michelle Bachelet, ex-presidenta do Chile; Cármen Lúcia, ministra do Supremo Tribunal Federal (STF); Janja Lula da Silva, enviada especial da COP30 para as Mulheres; as ministras Anielle Franco (Igualdade Racial), Márcia Lopes (Mulheres) e Sonia Guajajara (Povos Indígenas); a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra; as deputadas federais Jack Rocha (PT-ES) e Célia Xakriabá (PSOL-MG); além de María Elena Agüero, secretária-geral do Club de Madrid. A diretora-executiva da Plataforma CIPÓ, Maiara Folly, mediou a atividade.

“Precisamos da força das mulheres no comando das decisões”
Em sua palestra de honra, Michelle Bachelet reforçou a urgência de ampliar a participação feminina nos espaços de poder, especialmente diante do agravamento da crise climática. “Temos uma oportunidade única — e precisamos da força das mulheres no comando das decisões. Não de forma simbólica, mas no centro dos processos de tomada de decisão”, afirmou.

Bachelet destacou que justiça climática e igualdade de gênero são agendas indissociáveis e devem caminhar juntas na transição para modelos de desenvolvimento mais sustentáveis.

As vozes das mulheres negras e indígenas no centro do debate
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, emocionou o público ao falar sobre a trajetória coletiva das mulheres negras na política e na luta por direitos. “Nós, mulheres negras, quando chegamos a esses espaços, nunca chegamos sozinhas. Sempre chegamos com sonhos”. Ela enfatizou a importância da solidariedade feminina e da atuação comunitária que sustenta, há décadas, movimentos de resistência:

“Desde o início, pensamos em como fortalecer umas às outras. Somos nós que estamos cuidando, muitas vezes em um trabalho que não é remunerado”. Anielle Franco também chamou atenção para a necessidade de proteger os territórios quilombolas, urbanizar as favelas e garantir segurança às mulheres: “As mulheres são, sim, protagonistas de suas histórias. Não podemos aceitar ser assediadas nem assassinadas, assim como nossas líderes seguem sendo”.

Cármen Lúcia: igualdade de gênero ainda é um desafio estrutural
A ministra do STF Cármen Lúcia trouxe uma análise contundente sobre as desigualdades que persistem no Brasil e no mundo: “Vivemos em um mundo de muitas indignidades — e algumas Constituições deixaram isso muito claro: o Estado existe para que as pessoas convivam, cumpram seu destino e sejam felizes. Mas as mulheres continuam sendo tratadas como coisas”.

Ela ressaltou que os desafios globais — o clima, a desigualdade e a situação das mulheres — precisam ser enfrentados de forma urgente e integrada: “Temos uma Constituição que afirma expressamente que homens e mulheres são iguais, mas continuamos a ter uma das piores representações femininas nos órgãos legislativos”.

Mulheres no centro da ação climática
A mesa destacou que não há futuro viável para o planeta sem liderança feminina. As ministras Márcia Lopes e Sonia Guajajara reforçaram o papel fundamental das mulheres na construção de políticas públicas, na proteção dos biomas brasileiros e na defesa dos direitos humanos. A deputada federal Jack Rocha (PT-ES) lembrou que a crise climática já impacta diretamente as populações mais vulneráveis e que o cuidado deve orientar a política climática:
“A mudança climática não é o futuro — é a fome do agora, é a falta de acesso. Precisamos cuidar uns dos outros e construir uma política baseada no cuidado. Sabemos muito bem que, para estar no poder, é preciso solidariedade entre as mulheres. Que cada uma segure a mão da outra, sem deixar ninguém para trás”.

Plataforma CIPÓ reforça compromisso com a agenda de gênero e clima
Ao mediar o encontro, Maiara Folly, diretora-executiva da Plataforma CIPÓ, destacou que integrar mulheres, especialmente negras, indígenas e de territórios tradicionais, aos espaços de poder é condição essencial para avançar em soluções climáticas eficazes.

O evento terminou com um chamado coletivo por mais representatividade, mais igualdade e mais ação climática guiada por justiça social e de gênero.

Plataforma CIPÓ
Plataforma CIPÓhttp://plataformacipo.org/
A Plataforma CIPÓ é um instituto de pesquisa independente liderado por mulheres e dedicado a questões de clima, governança e paz na América Latina e no Caribe e no resto do Sul Global.

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